Encontro com os Professores do CA/UFSC

Mídia – Educação
O que cabe a nós educadores?
O que fazer com os textos midiáticos em sala?
TÓPICOS TRABALHADOS NA FORMAÇÃO  PRESENCIAL DO PROGRAMA  UCA – COLÉGIO DE APLICAÇÃO (UFSC)  

Formadora: Eloiza Schumacher Corrêa
Escolas tentam escapar das mídias...
ž  “A escola encarna e prolonga, como nenhuma outra instituição, o regime do saber que institui a comunicação do texto impresso; desconfia da imagem, devido à sua irrefreável polissemia e tenta controlá-la, subordinando-a ao ofício da mera ilustração do texto escrito” . (Martin Barbero, 2004)
Texto escrito:                                                                                                                   
ž  “Texto é o produto de uma atividade discursiva no qual alguém diz algo a alguém” (Wanderley Geraldi).
ž  “Um texto é uma seqüência verbal escrita formando um todo acabado, definitivo e publicado”. (Wanderley Geraldi)
Texto midiático:
ž  No texto midiático também alguém diz algo a alguém, ideias são comunicadas. Ex. processo de criação de um videogame: desenvolvedores estruturam um discurso, criam um enredo a ser compreendido pelo jogador. Esse enredo é o que permite a jogabilidade. A forma como são organizadas as imagens, os desafios e obstáculos a serem vencidos, a estrutura sonora, são alguns exemplos de como os criadores tornam suas ideias comunicáveis aos jogadores.
ž  Como no texto escrito, o  texto midiático também é uma seqüência: icônica, de cores, de desafios, de ações encadeadas...
ž  Os materiais midiáticos contêm códigos a serem decifrados, significados  a serem desvendados, linguagens a serem apropriadas, ou seja, seu uso autônomo e competente implica no desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita. (LETRAMENTO);
ž  Possuem textualidades que precisam ser problematizadas e exploradas em suas especificidades. Dessa forma, é fundamental que as práticas estejam voltadas para a reflexão das textualidades e das experiências promovidas pelas mídias. Talvez aí esteja um dos maiores desafios para a educação: identificar, valorizar e redimensionar as potencialidades dessas novas textualidades. Esse movimento implica, na escola, assumir as mídias em toda a sua riqueza e complexidade, ou seja, interpretando signos, buscando sentidos e produzindo significados.
ž  Vivemos e trabalhamos em um mundo visualmente complexo, portanto, devemos ser complexos na hora de utilizar todas as formas de comunicação, não apenas a palavra escrita. Se não se ensina aos estudantes a linguagem do som e das imagens, não deveriam ser eles considerados analfabetos da mesma maneira como se saíssem da universidade sem saber ler ou escrever? Devemos aceitar o fato de que aprender como se comunicar com gráficos, música, cinema é tão importante como comunicar-se com palavras. Compreender suas regras é tão importante como fazer com que uma frase funcione. Estou falando sobre aprender a gramática, mas também aprender como expressar-se (George Lucas in Daly, J. 2004)
Mídia-Educação
ž  Trabalho educativo que consiste em produzir reflexões e estratégias operativas considerando as mídias como recurso integral para a intervenção formativa;
ž  Pode se manifestar em três contextos: metodológico, crítico e produtivo. (Rivoltella)
ž  No contexto metodológico ou tecnológico: a Mídia-Educação é vista como um recurso didático para a educação, pensada no sentido de fazer educação com os meios;
ž  No contexto crítico, a atuação se dá como forma de educação sobre os meios (formação técnológica) ou educação para as mídias, envolvendo diversas instâncias educativas;
ž  No contexto produtivo, é entendida no sentido de fazer educação através dos meios ou dentro das mídias. Na perspectiva do contexto produtivo, as mídias são usadas como linguagem e, enquanto tal, consituem-se em formas de expressão e produção, cujos significados precisam ser compreendidos para uma interação crítica e criativa.
Próximo aspecto a ser explorado: Os múltiplos alfabetismos a partir da cultura visual e as possibilidades/responsabilidades  da educação
“Estar alfabetizado hoje significa mais do que significava para nossos pais e avós. o professorado enfrenta o desafio de ensinar os estudantes a ler, a escrever e a expressar-se, utilizando e combinando textos que expandem os modos de comunicação – lingüístico, visual, áudio, gestual e espacial. Ser, na atualidade, um professor quer dizer desenvolver as capacidades de ensinar, comunicar-se com e de ser compreendido por crianças e jovens de diferentes origens culturais e sociais que, muitas vezes, têm interesses, crenças e valores específicos que representam diferentes grupos e microcomunidades. Com freqüência, o professorado deve aprender a ser (multi) alfabetizado junto a seus estudantes. Este fato coloca em situação de risco muitos docentes acostumados com sal posição de especialistas do conhecimento. Esta situação requer que o professor crie condições apropriadas para a aprendizagem e leve em conta o universo de experiências dos estudantes. Levantamos o fato de que os repertórios para o ensino do passado são insuficientes e, com freqüência, inapropriados para trabalhar com os estudantes do presente e do futuro.  Por esse motivo, os docentes devem expandir seus repertórios.  (Learning by Design Projetct: http://I-by-d.com/literate_multiliterate.html)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FANTIN, Monica. Mídia-Educação: conceitos, experiências, diálogos Brasil-Itália. Florianópolis: Cidade Futura, 2006
GERALDI, João Wanderley. Portos de passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1997.
HERNANDEZ, Fernando. Catadores da cultura visual. Porto Alegre: Mediação, 2007.
MARTÍN-BARBERO, Jesus. O ofício do cartógrafo. São Paulo: Loyola, 2004.
RIVOLTELLA, Píer Cesare. Mídia-educação e pesquisa educativa. Revista Perspectiva. Florianópolis, v. 27, n. 1, p. 119-140, jan./jun. 2009.